sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Lenda de Santa Comba

Hoje deixo-vos com a Lenda de Santa Comba, juntamente com umas belas imagens tiradas do miradouro da serra com o mesmo nome, uma vista deslumbrante para os concelhos de Valpaços, Mirandela, Macedo de Cavaleiros, Vila Flôr e Carrazeda de Anciães entre outros.

A Lenda de Santa Comba dos Vales é a lenda da pastora Comba que ascende à santidade. Passa-se em um tempo antes da fundação de Portugal, quando este território se encontrava dominado pelos Mouros.
Foi escrita pelo poeta e escritor António Ferreira  (1528-1569).


Comba era uma bela pastorinha que, juntamente com o irmão Leonardo, apascentava os seus rebanhos. Possuidora de tão rara beleza, rapidamente despertou o interesse do Rei Mouro que reinava na região de Lamas, que por ela se apaixonou perdidamente. No entanto este Rei Mouro era grande, membrudo e feio, com uma orelha de asno, e outra de cão , a quem chamavam o Orelhão:

A todos feo, a todos espantoso chamado era de todos Orelhão.

A pobre pastorinha tremia de terror a pensar no Rei Mouro. No seu desespero, a doce Comba implora a Deus a sua ajuda para permanecer pura e casta:

Não sou minha, meu Deus, toda sou Vossa, fazei que para Vós guardar me possa.~




 O Rei Mouro, perdido de desejo ameaça a pobre pastorinha.

Eu sou teu Rei, tu és minha cativa

Sê tu senhora, que eu serei cativo
Não t`é melhor seres Rainha e viva
Que arderes cruelmente em fogo vivo?

Indiferente às súplicas e ameaças, Comba refugia-se mais na dedicação a Deus. Ferido no seu orgulho, o Rei Mouro persegue a pastora de lança em riste. Perseguida e encurralada entre lança e um penedo, a pastorinha implora o auxílio dos Céus. Miraculosamente, a fraga abre-se, recolhe a pastorinha e fecha-se numa manifestação do poder Divino:

              Ó Maravilha grande! Abriu-se pedra
    Obedece à Santa a rocha dura,
             Obedeceo à santa e abriu-se a pedra,
             E defendeu-a da cruel ventura.           


Enraivecido, o Rei Mouro vinga-se no inocente irmão de Comba, estripando-o e lançando-o a um charco. António Ferreira assegura que a ferradura do cavalo com que o Rei Mouro perseguiu a pastorinha, bem como a lança com que matou Leonardo, ficaram marcadas na fraga, e a água em que foi lançado o corpo de Leonardo tornou-se numa fonte milagrosa:

                                                  E a fértil chã terra, que ocupava

                                                Aquele monstruoso e cruel pagão
                                               Que outros claros Senhores esperava,
                                               Inda se chama Lamas de Orelhão!



Deixo o convite visitem,  porque não já este fim de semana, e se o tempo deixar podem também levar um lanchinho e fazer um piquenique, pois o santuário tem excelentes condições para esta prática.

Saudações e bom fim-de-semana

3 comentários:

  1. eu iria lá, amigo Loureiro. iria lá, aceitaria a sugestão, e faria o tal piquenique. se não tivesse que ir a uma matança do porco... lol
    1 abraço!

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  2. Caro Vítor,
    belas imagens e a lenda também é bonita.
    abs

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  3. Bonitas imagens de facto.
    Recordo-me que para os lados de Pedome, o pior trovão era sempre o de Santa Comba. Porquê? Também não sei.

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