terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Em dia de chuva afiam-se os picos (Possacos)

Serviço de Pedreiros,
De boina na cabeça, a pele crestada pelo sol e pelo calor, eis que aparecem os pedreiros diante de uns quantos blocos de granito e de uma empreitada, um muro a erguer.
Enrolam um cigarro e começavam a magicar, como conjugar forças com aquela tonelagem toda. 
Tiravam medidas, agarravam ferro no cinzel e no maço.
Lá ia o meu avô Acácio de Vassal, o Ti Cruz e o Zé Magalhães dos Possacos, acompanhados por vezes com algúm aprendiz. 
Hora de matar o 'bicho' uma côdea de pão um pedaço de presunto ou queijo e aquela pinga,  a manhã ia-se numa batida metálica, compassada,.
Antes da movimentação das pedras, outra tabacada a planear a operação. Uns rebos à frente, para elas deslizarem, as alavancas às mãos ásperas como lixa, e uma cuspidela nos dedos, um cantarolar monocórdico
- Eia, pedrinha, eia!
- Eia, pedrinha, eia!

Porque era preciso subtileza, vagar, cautela, não fosse alguma entaladela subir o tom ao musical, transformando-o em vernáculo tremendo
- Ah, e lá se soltavam um camião de palavrões, e o mais que se adivinha, com redobrados cuidados na maré das trancas e roldanas, a parede já com formas muito nítidas e outra pausa e outro cigarrito.


Aqui fica a minha homenagem a tão nobre arte, que infelizmente se vai perdendo nos anos,  e a estes três nomes citados, que muitos muros e casas ergueram.
Sobretudo ao meu avô Acacio, que Deus o tenha  em bom lugar .








Saudações

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